domingo, 18 de dezembro de 2011

Guia definitivo da carona - Parte 1



As formas de se viajar se limitaram muito nos dias atuais.
Com a disseminação da indústria do medo, viajar de carona se torna uma verdadeira aventura, para a maioria dos que se incursionam nessa empreitada, ou aos ouvidos daqueles que escutam relatos de viagens feitas por outros.

É uma aventura sim. Mas não tão arriscada assim.

Muito embora não se veja muitos caroneiros na beira da estrada, ainda é uma forma muito viável de se viajar.

Carona é uma das melhores maneiras de realmente conhecer a fundo um lugar.

Uma viagem de carona é  uma excelente forma de imergir completamente na cultura de uma determinada região, permite a você conhecer lugares aos quais não visitaria de outra forma, te permite conhecer pessoas que possivelmente você nunca interagiria. O motorista pode ser um filósofo, um policial, um hippie ou um fanático religioso. Você então passará um tempo com uma pessoa a qual nunca imaginaria que um dia manteria uma conversa casual.


O caroneiro é um pedestre, e isso lhe dá muita liberdade. Apenas você e sua mochila!
Sem horários e complicações, apenas um objetivo a seguir, com toda a estrada pela frente.

Viajar de carona é umas das poucas oportunidades de viver uma grande aventura, numa época em que as viagens se tornaram bens de consumo, com milhares de opções de pacotes turísticos que te levam a ter uma experiência extremamente superficial, muito aquém do que se poderia realmente viver num dado lugar.


A fé na humanidade, de certa forma, se restaura. Por todo o mundo, pessoas distintas e desconhecidas te levarão adiante, te oferecendo um pouco de segurança, abrigo ou comida. Gentileza e cooperação são os valores despertados pela carona. Valores que não devem ser esquecidos pela sociedade.

Não somente somos tocados pela gentileza dos que decidem nos ajudar, mas também, de alguma forma mudamos essas pessoas. Nossas histórias, relatos, desejo de conhecer o mundo – e principalmente de mudá-lo – de uma forma ou outra servem como inspiração para as pessoas que encontramos pela jornada.



- Em breve, parte dois. Com dicas, conselhos sobre segurança e otras cositas más para não ficar uma eternidade engolindo poeira nos acostamentos.



As fotos são da comédia de Frank Capra, Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night) de 1934, com Clark Gable e Claudette Colbert.

Barra de Valizas, Uruguai


Antes de começar a rotina de estudos dessas férias, me dei um tempo para viajar um pouco.

Sigo com dois amigos para Porto Alegre após o natal. De Porto seguiremos para Buenos Aires, com planos de chegar à tempo para o ano novo.


Ano passado fiz uma viagem bem semelhante, com iguais planos de estar em Buenos Aires na noite do dia 31.

Porém, no trajeto rumo a Buenos passamos por tantos lugaras interessantes que foi impossível apressar a viagem. Dessa forma desfrutamos mais lugares, viajamos sem o estresse de ter que cumprir prazos e acabamos inclusive encontrando belas surpresas, como uma praiazinha a qual eu nunca havia ouvido falar.

Essa praia se chama Barra de Valizas, na província de Rocha no Uruguai.

Depois de atravessar a fronteira Brasil-Uruguai pelo Chuí, seguimos para Punta del Diablo.
Tá, lá é bonito e descolado, mas não me senti muito na minha praia. Sondamos pelas ruas se havia alguma praia mais legal por perto, e escutamos sobre Barra de Valizas. Numa comparação tosca Punta está para Búzios, assim como Barra está para Canoa Quebrada. Ou seja, muito mais interessante. Barra fica bem perto de Cabo Polônio (famoso ponto turístico uruguaio), e inclusive se pode ir caminando. Alguns turistas utilizam Barra de Valizas como cidade satélite para vistar Cabo, já que lá, os preços são superinflacionados.


Ruas de areia, dunas, luaus na praia, e um visual rústico e de paz.
Não tinha como não ficarmos ali para saudarmos 2011.


Com os amigos que fizemos no camping, preparamos a ceia e compartilhamos nossas bebidas (eu colaborei com tequilas que havia comprado no Duty Free). À meia-noite a maior parte das pessoa na cidade vão a praia, totalmente escura antes do espetáculo de luzes dos fogos.

Esse ano, o plano é o mesmo: sair de Porto Alegre e chegar à Buenos Aires.

Porém, se encontrarmos algum lugar tão encantador quanto Valizas pelo caminho (ou se a própria, nos atrapar, novamente) seguiremos nossas vontades.


Ruas de terra de Valizas

Quintal da casa do Chiquito


Chiquito, o dono da casa-camping
Onde ficar:

Preços de camping nessa época do ano estão em torno de 150 pesos por pessoa.
Não é possível acampar na praia, dizem que há fiscalização. Não me arrisquei, mas conheci pessoas que fizeram isso tranquilamente. Inclusive em Cabo Polônio, onde dizem que a fiscalização é mais pesada.

Não estávamos dispostos a pagar 150 por pessoa, e procuramos outro lugar. Já de noite, atraídos por boa música e risos, encontramos uma casa, e descobrimos que um senhor - don Chiquito - alugava o quintal como área de camping.

Cobrava por barraca, 150 pesos. Ótimo preço, mas tinha os contras: sem banheiro, sem agua quente, sem chuveiro, sem área para cozinhar. Bares e restaurantes supriam a falta de banheiro e o banho com balde num poço ou com a boa vontade de vizinhos.






Paul Theroux




“Google Earth, cell phones, and the Internet are all making the world seem smaller—but the illusion of close contact makes travel more important than ever.”
Paul Theroux
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