terça-feira, 31 de agosto de 2010

De Fortaleza à Muriaé



Cansaço. Muito cansaço.
Muito embora tenha visitado lugares lindos e diferentes de tudo que já vi, e  de ter conhecido pessoas fantásticas, chega um momento que é hora de voltar.


Levei alguns livros nessa viagem, mas sempre era mais interessante ler as paisagens fascinantes que se apresentavam ao menino acostumado a subir e descer as montanhas de Minas.

Em Fortaleza comecei a jornada de volta. O dinheiro, escasso, não permitia um luxo que eu havia planejado caso estivesse cansado para a jornada de regresso - como eu verdadeiramente estava.

Pois bem, sem dinheiro para o voo de uma empresa aérea, resolvi esgotar as possibilidades.
Fiquei sabendo da possibilidade de voos em aeronaves da Força Aérea Brasileira. O processo de inscrição é simples, bastanto ir até a base da FAB mais próxima e fazer a inscrição no Correio Aéreo Nacional (CAN).

Infelizmente não havia previsão de voos próximos da data pretendida.

Voltar de carona seria então a opção.

Fui até a rodoviária, e lá conversei com motoristas de ônibus intermunicipais em busca de uma carona até um posto da polícia rodoviária na saída de Fortaleza. 

Nesse posto da polícia, os policiais que pareciam agradavéis (ganhei um almoço) se converteram em uns canalhas (na concepção nelsonrodrigueana), de olho na minha câmera e no meu celular.
Sair dali era algo de extrema urgência.

Com ajuda dos atravessadores de notas fiscais (os caminhoneiros utilizam-se de uns moleques que ficam na beira da BR para não terem de descer do caminhão e irem até o posto carimbar um papel) consegui um senhor que me levou até Feira de Santana, na Bahia.

Descemos pelo interior cearense, pela 116. Só  aí eu fui entender a Caatinga.

O Ceará é encantador... passando por pequenas vilas e cidades, me tomava uma súbita vontade de ficar naqueles lugares, mais uma semana, pelo menos. E bonito de ver como, sei lá, o tipo de vegetação do lugar, as pessoas, o clima, tudo, se encaixa tão bem, que a gente se sente muito confortável em passar por ali.

Desci no posto fiscal na saída de Feira de Santana. Me dirigi o quanto antes para a estrada.
Alguns minutos depois, um caminhão vermelho encosta, e escuto três buzinadas.

Ao me aproximar, a porta se abre e escuto:

- Porra, Ronan! Que está arrumando por aqui?

Era um antigo vizinho de Muriaé. Sua família era dona de um mercado de frutas, legumes e hortaliças ao lado de minha casa. E agora havia ganhado um caminhão, e fazia fretes em tudo quanto é canto do Brasil.

E naquele dia, ele passava por alí.
Me levou até a porta da minha casa em Muriaé.

E pude então tomar uma boa ducha quente...






Missão Ouro Preto: 2o dia

2o dia - BARBACENA - CARANDAÍ - LAFAIETE - OURO PRETO (!!!)

BARBACENA - CARANDAÍ

Não foi nada - nada! - confortável dormir no banco da rodoviária. Eu não consegui dormir, toda hora acordava com o barulho do papel alumínio gigante do Alex. E o frio! Muito frio! As minhas roupas não davam conta. E ficava com medo de alguém levar nossa pinga.

Levantava, fumava um cigarro e pulava para me aquecer. Xabi e eu decidimos procurar um hotel. Sim, no dia seguinte teríamos toda uma Ouro Preto pela frente, de doideras, repúblicas, muitas coxinhas do Barroco, pinga com mel e etc. Vários etecéteras mais que pesaram no quesito "Amanhã vamos estar fodidos e dormir o dia todo".

Achamos uma birosca aberta, e perguntamos se conheciam algum lugar onde poderíamos alugar um quartinho (no dia seguinte pagaríamos).

- Tem um lugar alí ó, em frente a rodoviária, só chegar alí e gritar, que eles abrem.

Ok. Fomos lá. O cansaço, a fome, as costas partidas em dois fizeram com que nunca desejássemos tanto uma cama. Não uma cama, qualquer lugar fechado! Sem vento! Sem frio! Podia ser um jornal no chão! Um jornal no chão num lugar fechado.

30 minutos. Ninguém! Tampei pedrinhas no vidro. Ninguém! Estávamos fodidos. O jeito era sofrer. Sofremos, mas com dignidade por mais uma hora.

Decidimos ir ao centro, era longe, mas assim ao menos aqueceríamos o corpo.

Achamos um hotel, mas já tínhamso perdido o sono mesmo, queríamos algum lugar quente só. Entramos pra nos aquecer. E não é que tava quentinho lá dentro...

E o cheiro de café da manhã sendo preparado... mesmo imaginando ser caro, perguntei:

- tem como tomar café da manhã sem estar hospedado?

- tem uma taxa... 5 reais.

R$ 5,00 ! Muito barato!

Tinha muita coisa! Tinha esquecido o quanto são bons os cafés de hotéis!

De estômago cheio já podíamos seguir viagem.

LAFAIETE - OURO PRETO

 

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