sábado, 10 de abril de 2010

Coliseu, Kombi e Tierra del Fuego

O que levam pessoas a realizarem grandes viagens?
Viagens que aos olhos da maioria soariam como desconfortáveis, cansativas, absurdas, são na verdade muito prazerosas e verdadeiras comprovações que a melhor escola é a vida, para quem as realiza.

Ao entrar na faculdade, nas muitas vezes que andávamos por aí, bêbados sonhadores, por bares de Juiz de Fora e reuniões diárias no meu apartamento, divágavamos sobre a possibilidade de comprarmos uma Kombi ao término da faculdade, e viajarmos com a nossa possante, a nossa La poderosa pra galerão para a terra dos alfajores e de el Diego, Argentina. Mais especificamente, para o extremo sul da Argentina, la Tierra del Fuego.

A idéia adveio da alcoolizada formação do COLISEU - um coletivo que sinceramente não funciona, e no qual nos empenhamos - somente - em efusivas discussões sobre mulher-futebol-política (necessariamente nessa ordem) e eventualemente alguma coisa sobre direito (que não continua tão lindo mais, quanto nos parecia no primeiro período).

Seria simples a empreitada.

Cogitamos abrir uma conta, na qual todo mês cada um depositaria a sua parcela. Coisa pouca, algo em torno de R$ 50,00.
No final, com o valor pretendido daria pra comprar uma Kombi 84, e mais uns acessórios como churrasqueira, uns bancos, mesa, redes, barracas, um som bacana.
Prosseguindo na idéia da conta, Mamão propôs, que com o dinheiro aplicado, poderíamos ir realizando investimentos - inclusive de risco - pra tentar multiplicar os parcos recursos, e quem sabe, ao fim, a Kombi desse lugar a um confortável micro-ônibus (até uma van escolar tava valendo).

Ninguém tinha a idéia romantizada da viagem de Kombi pela América Latina. A questão era justamente ser um meio para chegar.
Não tinha que ser especificamente uma Kombi, a Kombi surge do fato de não termos um puto qualquer no bolso, e associada a isso, encaixar no quesito grande caixa sobre rodas pra caber muita gente e tralha.

Mas cada vez que íamos - bebâdos e sonhadores - pensando mais na viagem, a idéia romantizada da Kombi, enchia nossa imaginação.
E de uma simples necessidade fática devido as nossas  inexistentes escassas finanças, a Kombi passa a fazer parte da viagem, como uma personagem a mais. A viagem tinha que ser de Kombi. E não qualquer Kombi, mas aquela de duas cores, ícone clássico dos anos 60 e da contracultura.


Separadamente, íamos buscando pela internet relatos de alguém que tivesse realizado tal viagem. E quando nos reuníamos, proponíamos uma coisa ou outra ao roteiro.

Até que... os semestres passaram voaram. E nossa promessa não vingou.

A faculdade está no fim, e nada da nossa sonhada Kombi e da nossa viagem crazy até o extremo sul da Patagônia.


Na medida que vamos crescendo, crescem-se as responsabilidades, mas o que nos impede de realizarmos uma vontade?
O que nos faz persistir dizendo "eu tenho vontade de" e nunca efetivamente realizar, concretizar a vontade em feito.

Só se vive uma vez. E nem adianta pensar que a vida é longa, que dá tempo de fazer muita coisa.
Na verdade não.


As pessoas criam expectativas em torna da gente, e essas expectativas te enredam como visgos.
Te aprisionam, e não te permitem sonhar, nem viajar (no sentido que preferir), nem ser o que se é.



Alguns relatos inspiradores de viagens inspiradoras:

5 amigos terminaram a faculdade e decidiram, fazer uma viagem de bicicleta de Beijing até Paris.
http://www.fueledbyrice.org/route.html

O grande aventureiro brasileiro, o economista, Amyr Klink, realizou a travessia do Atlântico sul num barco a remo. A viagem levou 100 dias.
http://www.amyrklink.com.br/conteudo.php?page=biografia

O desconhecido Rubens Pinheiro que saiu de Salvador numa viagem de 18000km rumo a Nova Iorque.
http://www.ondepedalar.com/mobile/viagens_bike/relatos_viagens_bike/da-bahia-a-nova-iorque-de-bicicleta.html

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